Pero Viviães


Ũa dona de que falar oí
desej'a veer e nom posso guarir
sen'a veer; e sei que, se a vir,
u a nom vir, cuid'a morrer log'i;
5       pois que a vir, u a nom vir, prazer
       de mi nem d'al nunca cuid'a veer.
  
A que nom vi [e] m'em tal coita tem,
sol que a vir, u a nom vir, morrerei;
pois que a vir, u a nom vir, nom sei
10rem que me guarde de morte por en;
       pois que a vir, u a nom vir, prazer
       de mi nem d'al nunca cuid'a veer.
  
A que nom vi e mi assi vai matar,
sol que a vir, u a [nom] vir, matar-m'-á;
15pois que a vir, u a nom vir, nom há
rem que me possa de morte guardar;
       pois que a vir, u a nom vir, prazer
       de mi nem d'al nunca cuid'a veer.



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Nota geral:

O trovador deseja ver uma dona, que não conhece, mas de quem ouviu falar, e pela qual já sofre a maior coita de amor; mas sabe que, quando a vir a primeira vez, sempre desejará estar ao seu lado, e morrerá quando a não vir.
O tema da senhora que se ama apenas por se ouvir dela falar vem de Ovídio, mas sobretudo, neste contexto, da tradição provençal, nomeadamente de uma célebre e enigmática cantiga de Jauffre Rudel, Lanquan li jorn son lonc en mai, cujo tema é exatamente o amor de lonh (o amor de longe). Na lírica galego-portuguesa, é esta cantiga de Pero Viviães a mais exata variação sobre este tema.
A composição tem uma estrutura muito trabalhada, assente na repetição do verbo veer (que, nas formas veer /vir se repete vinte e três vezes). Acrescente-se ainda que a cantiga seguinte prolonga esta temática, mas aí acrescentando o nome da dama.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 447
(C 447)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 447


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas