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Paio Gomes Charinho


A mia senhor, que por mal destes meus       ←
olhos eu vi, fui-lhe gram bem querer;      ←
e o melhor que dela pud'haver,      ←
des que a vi, direi-vo-lo, par Deus:      ←
5       disse-m'hoje ca me queria bem,      ←
       pera que nunca me faria bem.      ←
  
 E por esto que me disso cuidou      ←
mim a guarir, que já moiro; mais nom      ←
 perdi por en coita do coraçom,      ←
10pero bem foi mais do que me matou:      ←
       disse-m'hoje ca me queria bem,      ←
       pera que nunca me faria bem.      ←
  
 E por aquesto cuida que seu prez      ←
tod'há perdudo - e vedes qual senhor      ←
15me faz amar muito Deus e Amor.      ←
E o melhor que m'ela nunca fez:      ←
       disse-m'hoje ca me queria bem,      ←
       pera que nunca me faria bem.      ←
  
E entend'eu ca me quer atal bem      ←
20em que nom perde, nem gaanh'eu, rem.      ←



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Nota geral:

O trovador teve uma resposta relativamente favorável da sua senhora, mas que não o satisfaz: disse-lhe ela que lhe queria bem, mas que nunca lhe concederia os seus favores. Se ela pensava que o animava com esta resposta - e, para ela, dizer-lhe isto até já foi demais - o trovador garante que ficou pior. Na verdade, como conclui na finda, o bem que ela lhe quer é apenas da ordem do inócuo: nem ela perderá nada, nem ele ganhará nada com isso.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 255, B 842, V 428

Cancioneiro da Ajuda - A 255

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 842

Cancioneiro da Vaticana - V 428


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas