Afonso Sanches


Muitos me dizem que servi doado
ũa donzela que hei por senhor;
dizê-lo podem, mais, a Deus loado,
poss'eu fazer quem quiser sabedor
5que nom é 'ssi, ca, se me venha bem,
nom é doado, pois me deu por en
mui grand'afã e desej'e cuidado,
  
que houvi dela, poila vi, levado,
[e] per que viv', amigos, na maior
10coita do mundo, ca, mao pecado!,
sempr'eu houve por amar desamor;
de mia senhor tod'este mal me vem,
[e] al me fez peior, ca me fez quem
servo servir e nom seer amado
  
15por en; mais eu, que mal dia fui nado,
houvi a levar aquesto da melhor
das que Deus fezo, ca nom outro grado;
al m'er avém, de que me vem peior:
senhor u Deus nunca deu mal per rem
20foi dar a mim, per que perdi o sem
e por que moir'assi desemparado
  
de bem; que, par Deus, que m'em poder tem,
quen'a donzela vir ficará en,
com'eu fiquei, de gram coita coitado.



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Nota geral:

Discordando dos que lhe dizem que serve a sua senhora sem nada receber, o trovador indica o que ganhou: inquietação, desejo e cuidados. A indiferença da donzela não o impede de fazer o seu elogio nas estrofes finais da cantiga.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Ateúda atá finda
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 406, V 17
(C 405)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 406

Cancioneiro da Vaticana - V 17


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Dom Afonso Sanches “Filho de El-rei Dom Denis de Portugal 

Versão de Tomás Borba