Mem Rodrigues Tenoiro ou Afonso Fernandes Cebolhilha


Quer'eu agora já meu coraçom
esforçar bem e nom morrer assi;
e quer'ir ora, si Deus mi perdom,
 u é mia senhor; e pois eu for i,
5querrei-me de mui gram medo quitar,
 que hei dela e, mentr'ela catar
       alhur, catar eu ela log'entom.
  
  Ca, per bõa fé, há mui gram sazom
que hei eu [gram] medo de mia senhor
10mui fremosa; mais agora já nom
haverei medo, pois ant'ela for;
ante me querrei mui bem esforçar
e perder med' e, mentr'ela catar
       alhur, catar eu ela log'entom.
  
15A mui mais fremosa de quantas som
hoje no mund', aquesto sei eu bem,
quer'ir veer; e acho já razom
como a veja sem med', e com sem
irei vee-la e querrei falar
20com outra d'i, e, mentr'ela catar
       alhur, catar eu ela log'entom.



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Nota geral:

O trovador procura ganhar coragem para conseguir enfim ir junto da sua senhora, de quem sempre teve medo, e olhá-la. Imagina, pois, uma estratégia: aproveitar um momento em que ela estiver distraída a olhar para outro lado. Na 3ª estrofe, a cena é imaginada ainda com mais pormenor: para melhor desviar as atenções, o trovador irá tentar falar com uma outra e só então a olhará.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras uníssonas (rima b singular)
Palavra(s)-rima: (v. 6 de cada estrofe)
e mentr'ela catar
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 400, V 10

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 400

Cancioneiro da Vaticana - V 10


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas