Fernão Rodrigues de Calheiros


Nom há home que m'entenda
com'hoj'eu vivo coitado,
nem que de mim dóo prenda;
ca nom é cousa guisada
5ca nom ous'eu dizer nada
a home que seja nado
de com'hoj'é mia fazenda!
  
Nem há, per quant'eu atenda,
conselho, mao pecado!,
10tanto Deus nom me defenda!
Po[i]la que nom fosse nada
por mi é tam alongada
de mim, que nom sei mandado
dela, nem de mia fazenda!
  
 15Nem m'ar convém que emprenda
com outra, nem é guisado,
pero sei bem, sem contenda,
da que me faz tam longada-
mente viver em coitada
20vida e nom mi dá grado,
[qu]e perece mia fazenda.
  
Mais se m'ela nom emenda
o afã que hei levado,
bem cuid'eu que morte prenda
25com atam longa espada
 poila mia senhor nembrada
nom quer haver outrogado
que melhor'em mia fazenda!



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Nota geral:

O trovador queixa-se do seu estado de desespero por estar longe da sua senhora e não ter notícias dela.
A composição tem, no entanto, alguns elementos um pouco anómalos: embora aparentando ser uma cantiga de amor, a insistência no termo fazenda ("situação", mas também "situação financeira"), repetidamente usado pelo trovador (em dobre, ou seja, na mesma posição ao longo das estrofes) e sempre em relação com a senhora cantada, parece poder indiciar um intuito satírico. Falta-nos, no entanto, o contexto que permitiria uma compreensão mais cabal do seu sentido.



Nota geral


Descrição

Género incerto
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 7 de cada estrofe)
mia fazenda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 63

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 63


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas