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  (linha 23)

Fernão Rodrigues de Calheiros


Nom há home que m'entenda      ←
com'hoj'eu vivo coitado,      ←
nem que de mim dóo prenda;      ←
ca nom é cousa guisada      ←
5ca nom ous'eu dizer nada      ←
a home que seja nado      ←
de com'hoj'é mia fazenda!      ←
  
Nem há, per quant'eu atenda,      ←
conselho, mao pecado!,      ←
10tanto Deus nom me defenda!      ←
Po[i]la que nom fosse nada      ←
por mi é tam alongada      ←
de mim, que nom sei mandado      ←
dela, nem de mia fazenda!      ←
  
 15Nem m'ar convém que emprenda      ←
com outra, nem é guisado,      ←
pero sei bem, sem contenda,      ←
da que me faz tam longada-      ←
mente viver em coitada      ←
20vida e nom mi dá grado,      ←
[qu]e perece mia fazenda.      ←
  
Mais se m'ela nom emenda      ←
o afã que hei levado,      ←
bem cuid'eu que morte prenda      ←
25com atam longa espada      ←
 poila mia senhor nembrada      ←
nom quer haver outrogado      ←
que melhor'en mia fazenda!      ←



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Nota geral:

O trovador queixa-se do seu estado de desespero por estar longe da sua senhora e não ter notícias dela.
A composição tem, no entanto, alguns elementos um pouco anómalos: embora aparentando ser uma cantiga de amor, a insistência no termo fazenda ("situação", mas também "situação financeira"), repetidamente usado pelo trovador (em dobre, ou seja, na mesma posição ao longo das estrofes) e sempre em relação com a senhora cantada, parece poder indiciar um intuito satírico. Falta-nos, no entanto, o contexto que permitiria uma compreensão mais cabal do seu sentido.



Nota geral


Descrição

Género incerto
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 7 de cada estrofe)
mia fazenda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 63

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 63


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas