Fernão Gonçalves de Seabra


Gradesc'a Deus que me vejo morrer
ante que mais me soubessem meu mal,
 ca receei saberem-mi-o mais d'al.
E os que cuidam mais end'a saber,
  5       praz-me muito porque nom sabem rem
       de que moiro, nem como, nem por quem.
  
De m'entenderem havia pavor
o que m'eu sei eno meu coraçom.
Mas já que moir', assi Deus me perdom,
10os que viverem, pois eu morto for,
       praz-me muito porque nom sabem rem
       de que moiro, nem como, nem por quem.
  
Pero choravam estes olhos meus
com mui gram coita, sempre me calei,
15que nunca dix'ũa cousa que sei.
Mais como quer que mi o haja com Deus,
       praz-me muito porque nom sabem rem
       de que moiro, nem como, nem por quem.
  
E bem tenh'eu que me fez Deus i bem
20porque mia coita nom forçou meu sem.



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Nota geral:

Continuando a sua temática habitual, o sofrimento escondido, o trovador agradece agora a Deus uma morte que sente próxima, alegrando-se sobretudo por ter conseguido manter o segredo sobre o seu estado e sobre a identidade da causadora dos seus males.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 219, B 386

Cancioneiro da Ajuda - A 219

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 386


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas