João Lopes de Ulhoa


Sempr'eu, senhor, roguei a Deus por mi
que me desse de vós bem; e nom quer!
Mais quero-lh'al rogar; e pois souber
que lh'al rogo, al me dará log'i:
5       ca lhe rog'eu que nunca me dê bem
       de vós, e cuido que mi o dê por en!
  
E per aquesto quero eu provar
Deus, ca muit'há que lhe por al roguei
de vós, senhor; mais ora veerei
10se me tem prol de o assi rogar:
       ca lhe rog'eu que nunca me dê bem
       de vós, e cuido que mi o dê por en!
  
Pois assi é que m'El sempre deu al,
e al desej'eu no meu coraçom,
15rogar-lh'-ei est'e cuidará que nom
será meu bem e dará-mi-o por mal:
       ca lhe rog'eu que nunca me dê bem
       de vós, e cuido que mi o dê por en!



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Nota geral:

Como Deus sempre fez o contrário do que o trovador lhe pedia, e nunca lhe deu os favores da sua senhora, ele descobriu a maneira de os ter: pedir-Lhe que nunca lhos dê.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 209, B 360

Cancioneiro da Ajuda - A 209

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 360


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas