João Lopes de Ulhoa


Em que afã que hoje viv'! E sei
que, enquant'eu eno mundo viver,
afã e coita hei sempre d'haver!
Vedes por quê: por quanto vos direi:
5por ũa dona que eu quero bem
atal por que hei perdudo meu sem
e por que hei mui cedo de morrer!
  
  Ca me dá coita! - que, de pram, bem sei
que nom poss'eu muit'assi guarecer;
10ca ela já nom m'há bem de fazer,
nen'o atendo, nen'o haverei.
Nem rog'a Deus eu já por outra rem
senom por morte que me dê por en
- se perderei coita, pois que morrer.
  
 15Ca, sem al, já eu esto ben'o sei
(ca mi o faz Deus e mia senhor saber,
que me fazem atal coita sofrer
qual vos eu digo) que nom poderei
aquesta coita, que m'em coita tem,
20perder por al, se me cedo nom vem
mia mort'; e por en querria morrer.
  
Ca, per quant'eu de mia fazenda sei,
o melhor é pera mi de morrer.



 ----- Aumentar letra

Nota geral:

Cantiga que desenvolve, de forma correta mas sem grandes rasgos imaginativos, a temática habitual do género: o trovador vive em sofrimento por uma senhora que não lhe dá qualquer esperança de aceitar o seu amor, motivo pelo qual mais lhe vale morrer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Palavra(s)-rima: (v. 1 de cada estrofe e da finda)
sei
(último v. de cada estrofe e da finda)
morrer
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 205, B 356

Cancioneiro da Ajuda - A 205

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 356


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas