Rodrigo Anes Redondo


Senhor, por Deus vos rogo que que[i]rades
saber um dia [como] mia ventura
é contra vós, a que quero melhor
de quantas cousas Deus quiso fazer.
5E, mia senhor, nom vos ous'a dizer
 rem da [mui] gram coita que me vós dades.
E por vós morrerei [em] tal ventura!
  
Esto é [o] de que vos vós guardades:
de nom fazerdes senom o milhor
 10e de nom catardes por outra rem.
Atanto creede vós bem de mi:
que mui pequena prol per tenh'eu i,
pois Deus nom quer que a mim bem façades,
que vós em al façades o melhor.
  
15[Ca] mia senhor, quanto mais bem fazedes,
atanto fazedes a mim levar
maior coidado no meu coraçom,
em desejar o bem que vos Deus deu.
E mia senhor, atanto Lhi rog'eu
20que veja[des] qual torto me fazedes,
de me fazerdes tal coita levar.



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador exprime o desejo de que ela compreenda um dia a triste sorte que é a sua, amando-a sem ousar confessar-lhe este amor. E se concede que ela procura sempre agir o melhor possível em todas as circunstâncias (ou seja, se faz o seu elogio), acrescenta que tal comportamento a ele pouco lhe adianta, uma vez que em nada o beneficia. Pelo contrário: quanto mais a vê agir bem, mas aumenta o seu amor e a sua dor. E termina exprimindo de novo o desejo que ela compreenda a injustiça que lhe faz.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares
Dobre: (vv. 2 e 7 de cada estrofe)
ventura (I), milhor/melhor (II), levar (III)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 333

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 333


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas