João Soares Coelho


Desmentido m'há 'qui um trobador
do que dixi da ama, sem razom,
de cousas pero, e de cousas nom.
Mais u menti, quero-mi-o eu dizer:
5u nom dixi o meo do parecer
que lhi mui bõo deu Nostro Senhor.
  
 Ca, de pram, a fez parecer melhor
de quantas outras eno mundo som
 e mui mais mansa e mais com razom
10falar e riir e tod'al fazer;
  e fezo-lhe tam muito bem saber
que em todo bem é mui sabedor.
  
E por esto rogo Nostro Senhor
que lhe meta eno seu coraçom
15que me faça bem, poilo a ela nom
ouso rogar; e se m'ela fazer
quisesse bem, nom querria seer
rei, nem seu filho, nem emperador,
  
se per i seu bem houvess'a perder;
20ca sem ela nom poss'eu bem haver
eno mundo, nem de Nostro Senhor.



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Nota geral:

Depois da polémica que provocou uma sua anterior cantiga de amor onde elogiava a figura feminina de uma "ama", João Soares volta à carga, citando explicitamente um dos seus jocosos detratores (possivelmente Fernão Garcia Esgaravunha) e reafirmando tudo o que antes tinha dito. Esta composição faz assim parte da conhecida "questão da ama", cujos contornos explicamos na Nota Geral à primeira cantiga referida.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 171, B 322

Cancioneiro da Ajuda - A 171

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 322


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas