Rui Queimado


Agora viv'eu como querria
veer viver quantos me querem mal:
que nom vissem prazer de si nem d'al,
com'eu fiz sempre des aquel dia
5que eu mia senhor nom pude veer.
 Ca se nunca depois ar vi prazer,
Deus nom me valha (que poderia)!
  
E quem vivess'assi, viveria,
 per bõa fé, em gram coita mortal,
10ca 'si viv'eu por ũa dona qual
sab'hoje Deus e Santa Maria,
que a fezerom melhor parecer
de quantas donas vi e mais valer
em todo bem; e bem veeria
  
15quem visse mia senhor; e diria,
eu [o] sei bem, por ela, que é tal
como vos eu dig'; e se me nom val
Deus (que mi a mostre!), já nom guarria
eu mais no mundo, ca nom hei poder
20de já mais aquesta coita sofrer
do que sofr'i; e desejaria
  
muito mia mort', e querria morrer
por mia senhor, a que prazeria;
  
e por gram coita, em que me viver
25vejo por ela, que perderia.



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Nota geral:

O trovador começa por dizer que vive como gostaria que vivessem os que não gostam dele: sem sentir prazer em nada. É esta a sua vida desde o dia em que deixou de poder ver a sua senhora, a mais formosa e a melhor – e com isso concordariam todos os que a conhecessem. Assim, se Deus não lhe valer (fazendo com que ele a veja), não poderá suportar mais o sofrimento e preferiria morrer – por um lado porque sabe que essa morte agradaria à sua senhora, e por outro, porque seria a única forma de acabar com esse mesmo sofrimento.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras uníssonas
Finda (2)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 133, B 254

Cancioneiro da Ajuda - A 133

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 254


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas