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  (linha 22)

Rui Gomes, o Freire


Oimais nom sei eu, mia senhor,       ←
rem per que eu possa perder       ←
coita, nos dias que viver,      ←
pois vós nom havedes sabor      ←
5que vos eu diga nulha rem      ←
de quanto mal me por vós vem.       ←
E pesa-vos de vos amar      ←
 eu, e nom m'hei end'a quitar,      ←
  
entanto com'eu vi[vo] for,      ←
 10ca nom hei poder d'al fazer.      ←
Ca se d'al houvesse poder,      ←
haver-vos-ia desamor,      ←
assi como vos hei gram bem      ←
 a querer, sem grad'; e por en      ←
15me pesa, porque começar      ←
foi convosc', a vosso pesar.      ←
  
E pois a vós pesa, de pram,      ←
de que convosco comecei,       ←
guisad'é que nom perderei,      ←
20sem morrer, coita nem afã      ←
por vós, senhor, pois me nom val       ←
 contra vós serviço, nem al      ←
 que vos faça; pero que quer      ←
 vos sofrerei, mentr'eu poder      ←
  
25viver. Mais nom me leixarám      ←
os desejos que de vós hei,      ←
que eu, senhor, nom poder[ei]      ←
sofrer: assi me coitarám      ←
por vós, que me queredes mal       ←
30porque vos am'; e pois atal      ←
ventura hei, hei mui mester      ←
de morrer, pois a vós prouguer.      ←



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que jamais deixará de sofrer, uma vez que ela se recusa a ouvi-lo e fica incomodada com o seu amor. E lamenta então amá-la, um sentimento que, diz, é independente da sua vontade - se pudesse, deixaria de a amar, evitando assim o pesar que lhe causa. Como não pode, e sabe que, por mais que faça, nunca nada obterá dela, também nunca perderá coita, ânsia e desejo, E se esta é a sua triste sina, mais lhe vale morrer, se isso lhe der prazer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 50

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 50


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas