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Fernão Figueira de Lemos


Ai mia senhor! sempr'eu esto temi,      ←
 des que vos vi, que m'oi de vós avém:      ←
irdes-vos vós e ficar eu aqui,      ←
 u nunca mais acharei outra rem      ←
5de que eu possa gasalhad'haver,      ←
nem me de vós faça coita perder.      ←
  
Coita, de pram, já eu nom perderei,      ←
e nom m'atrevo sem vós a guarir!      ←
 E seede fix que 'nsandecerei      ←
10pois eu de vós os meus olhos partir,      ←
e vos nom vir u vos soi'a veer;      ←
nunca me Deus leixe i mais viver!      ←
  
Ca vos vi eu por meu mal, mia senhor,      ←
por vos haver já sempr'a desejar;      ←
 15e perdud'hei gasalhad'e sabor      ←
de quanto al no mundo soía amar!      ←
Tod'esto mi vós fezestes perder;      ←
fez-me-vos Deus, por meu mal, bem querer.      ←
  
Por meu mal foi, pois que vos já sempr'eu      ←
20haverei ora no meu coraçom      ←
a desejar; e nunca mais do meu      ←
cor perderei mui gram coita, que nom      ←
veerei rem que mi possa plazer,      ←
ergo se vir a mim por vós morrer.      ←



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Nota geral:

Lamento do trovador pela partida da sua senhora: quando deixar de a ver no mesmo lugar de sempre, a sua dor será imensa e decerto enlouquecerá. Pois, desde que a conheceu, nada mais deseja, e sem ela só lhe restará a morte.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares (rima c uníssona)
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Fontes manuscritas

B 46
(C 46)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 46


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas