Pero Garcia Burgalês


Par Deus, senhor, já eu nom hei poder
de nom dizer de quanto mal me vem
por vós, que quero melhor doutra rem,
que me fez Deus, por meu mal, bem querer;
5ca me fazedes já perder o sem
e o dormir, senhor, e praz-vos en
e trage-m'em gram coita voss'amor:
       tod'este mal me por vós vem, senhor!
  
Amor me faz viver em coita tal,
10por vós, senhor, si Deus de mal m'ampar!,
qual eu já nunca poderei mostrar,
mentre viver, pero nom punh'em al.
E a vós praz de coraçom por en,
porque me traj'Amor tam em desdém,
15e faz-m'haver de mia morte sabor:
       tod'este mal me por vós vem, senhor!



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que já não consegue mais silenciar o que sofre por ela, até porque já perdeu o juízo e é incapaz de dormir. Nestas duas estrofes, confessa-lhe, pois, a sua coita, tão profunda que nunca a poderá mostrar completamente. E considera que ela gosta que ele sofra, ao ponto de desejar a morte.
Pelo espaço em branco deixado em A no final da transcrição, é possível que falte uma estrofe à composição.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 98, B 205

Cancioneiro da Ajuda - A 98

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 205


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas