Pero Garcia Burgalês


Se Deus me valha, mia senhor,
 de grado querria seer
sandeu, por quant'ouço dizer
que o sandeu nom sabe rem
5d'amor, nem que x'é mal nem bem,
nem sabe sa morte temer:
 por en querria 'nsandecer.
  
E por nom sofrer a maior
coita das que Deus quis fazer,
10qual la eu sempr'hei a sofrer
por vós; e rog'a Deus por en
que me faça perder o sem
e pavor que hei de morrer,
ou me nom leixe mais viver.
  
15E Deus nom me leixe viver
se eu a 'nsandecer nom hei;
ca, se viver, sempr'haverei
coita d'amor, direi-vos qual:
gram coita, se me Deus nom val;
20e se for sandeu perderei
a gram coita que d'amor hei.
  
Ca des quand'eu ensandecer,
se verdade dizem, bem sei
 ca nunca pesar prenderei,
25nem gram coita d'amor, nem d'al,
nem saberei que x'ést[e] mal,
nem mia morte nom temerei.
Deus! E quand'ensandecerei?



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Nota geral:

O trovador diz à sua senhora que bem gostaria de ser louco, pois ouve dizer que os loucos desconhecem o amor, não sabem o que é o bem e o mal, nem têm medo da morte. Sofrendo intensamente, ele pede, pois, a Deus que lhe dê essa sorte, e o faça enlouquecer rapidamente.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
Palavra perduda: v. 1 de cada estrofe
(Saber mais)


Fontes manuscritas

A 92, B 196

Cancioneiro da Ajuda - A 92

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 196


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas