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  (linha 6)

Múnio Fernandes de Mirapeixe


Pois me fazedes, mia senhor,      ←
de quantas cousas no mund'há      ←
desejos perder e sabor,      ←
senom de vós, de que eu já      ←
5nunca desejos perderei,      ←
nem al nunca desejarei      ←
no mundo, senom vós, senhor,      ←
  
ou mia morte; pois me vós bem,       ←
senhor, nom queredes fazer,      ←
 10ca nom há no mund'outra rem      ←
por que eu já possa perder      ←
a coita que eu por vós hei,      ←
senom por morrer, eu o sei,      ←
ou por mim fazerdes vós bem;      ←
  
15ca me fazedes muito mal      ←
des aquel dia 'm que vos vi;      ←
pero, senhor, rem nom vos val,       ←
que nunca eu de vós parti      ←
meu coraçom, pois vos amei;      ←
20nem já nunca o partirei      ←
d'amar-vos, e farei meu mal;      ←
  
e faço-[o] já, pois Deus quer      ←
que eu sempr'hei a desejar      ←
(tanto com'eu viver poder)      ←
25mia mort'e vosso semelhar:      ←
ca nunca tanto viverei      ←
que desej'al; nem sairei      ←
por al de coita, pois Deus quer.      ←



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Nota geral:

Dirigindo-se à sua senhora, o trovador diz-lhe que, embora ela lhe tenha feito perder o gosto por tudo, sempre a desejará - a ela e à morte (já que ela lhe recusa os seus favores). E por pior que ela lhe faça, nunca deixará de a amar, e de sofrer.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras singulares (rima c uníssona)
Dobre: (vv. 1 e 7 de cada estrofe)
senhor (I), vós bem (II), mal (III), pois Deus quer (IV)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 44
(C 44)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 44


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas