João Garcia de Guilhade


Vi eu estar noutro dia
 infanções com um ric'home
 posfaçando de quem mal come;
e dix'eu, que os ouvia:
5       "Cada casa, favas lavam!"
  
Posfaçavam d'um escasso,
 [e] foi-os eu ascuitando;
eles forom posfaçando,
 e dixi-m'eu, pass'em passo:
10       "Cada casa, favas lavam!"
  
Posfaçavam d'encolheito
e de vil e d'espantoso
e em sa terra lixoso;
e dix'eu entom dereito:
15       "Cada casa, favas lavam!"



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Nota geral:

Nova cantiga baseada num antigo provérbio. Trata-se agora de um grupo de infanções que Guilhade terá surpreendido criticando a sovinice alimentar de um rico-homem. O provérbio com que Guilhade comenta a atitude dos infanções talvez se possa traduzir pelo atual "Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho". Especificamente, a letra do provérbio medieval parece partir do facto de as favas serem consideradas, à época, um alimento menor (próprio de gente pobre ou mesmo dos animais)1. O seu sentido específico seria, pois: tão mal se come numas como noutras.

Referências

1 Nobiling, Oskar, "As cantigas de D. Joan Garcia de Guilhade, trovador do século XIII" (1907), in As cantigas de D. Joan Garcia de Guilhade e estudos dispersos, ed. organizada por Yara Frateschi Vieira , Niterói, Editora da Universidade Federal Fluminense, 2010.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1503

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1503


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas