Cantiga com provérbio:
Ora lá tangem e cá ora soa
  (linha 8)

Alvaro Afonso

Rubrica:

Pergunta que fez Álvaro Afonso, cantor do senhor infante, a um escolar


Luis Vaasques, depois que parti
dessa cidade tão boa, Lisboa,
achei tal encontro que digo per mim
que som já desfeito e jaço à toa:
5acerca de Sintra, ó pé desta serra,
vi ũa serrana que bradava guerra:
  "- Vós treedes comigo, decê-vos a terra,
 pois [que a]lá tangem e cá ora soa".
  
10Pero de sa vista eu fosse espantado,
qual me ela par'ceu, tão ressanhuda (...)



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Nota geral:

Composição tardia, introduzida num espaço em branco do manuscrito por um autor/leitor quatrocentista e que apenas foi copiada no Cancioneiro da Vaticana. Pela rubrica que a acompanha podemos datar a composição, com alguma segurança, dos anos de 1440-1447, período em que, devido à menoridade de D. Afonso V, a regência foi exercida isoladamente por seu tio, o Infante D. Pedro (certamente o Infante referido na rubrica, até por ter sido ele o impulsionador da oficialização da Capela Real, onde Álvaro Afonso foi efetivamente cantor).
Embora a mesma rubrica nos indique que se trataria de uma "Pergunta" (género quatrocentista cujos os inícios foram recolhidos no Cancioneiro de Baena e de que teremos numerosos exemplos nos cancioneiros palacianos posteriores), o certo é que, pelo menos no fragmento que nos chegou, parece desenhar-se preferencialmente uma cena típica de um outro género um pouco anterior (finais do século XIII/ inícios do XIV), a serrana ou serranilha, poema mais ou menos picaresco que relata o encontro de um viajante com uma moça "serrana" e subsequente diálogo, género este que, de certa forma, prolonga e reelabora a pastorela medieval (sobretuda a de tradição erótica e paródica).



Nota geral


Descrição

Espúria
Fragmento
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 410

Cancioneiro da Vaticana - V 410


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas