Anónimo - cantigas espúrias


Dona e senhora de grande valia
nom sei se cuidades que tenho cuidado
de vo[s] respeitar; mas bem juraria
que nom tenho outro tam aficado,
5nem maior de mim nom tem home nado.
Esto, senhora, podereis saber,
se Deus quiser que possade[s] haver
mais compridamente meu certo recado.
  
Mas eu vos peço, mui gentil senhora,
10que nojo e tresteza e enfadamento
de tod'o ponto vós botees de fora;
e tod'o cuidado, que a gram tromento
vos fora trager, em esquecemento
vós po[n]de, senhora, e sei que fareis
15vosso gram proveito, e a mim fareis
que eu ouça nova[s] d'u seja contento.
  
Fazei, senhora, que quantos vos virem
conheçam de trás a gram fremosura
que Deus a vós deu [e], se nom mentirem,
20que falem do siso [e] grande cordura
 com tod'a graça, viço e mesura
 que em vós [s']assua[m], mui compridamente;
sobre quantas ora vivem de presente
esto é [já] certo, sem fazer mais jura.
  
25Mui boa senhora, se m'esto atura
[a] vossa vontade, em Deus esperando,
vós havereis, sem muito tardando,
prazer em vida, seede bem segura.



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Nota geral:

Composição tardia, transmitida apenas pelo Cancioneiro da Vaticana, onde surge entre a cantiga de amor de Juião Bolseiro e as de Pero d´Armea, e que deveria ter sido inserida em época posterior num espaço em branco do manuscrito que os apógrafos italianos seguiam.
Embora os primeiros editores da poesia galego-portuguesa tivessem incluído a composição na obra de Juião Bolseiro, é muito visível que, quer pelo tema, quer sobretudo pela linguagem e expressões utilizadas (mui gentil senhora será o exemplo mais típico) ela é posterior à escola trovadoresca.



Nota geral


Descrição

Espúria
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Fontes manuscritas

V 668

Cancioneiro da Vaticana - V 668


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas