Nota geral: Pranto de escárnio com um alvo duplo, já que a sátira é endereçado, conjuntamente, a este D. Martim Marcos e, na forma desviada que a rubrica explica, ao infante D. Manuel, irmão mais novo de Afonso X. Como se vê na cobra segunda referida na dita rubrica, a morte deste (pouco) saudoso Martim Marcos é apenas o pretexto para traçar o retrato de um outro senhor, "sósia" em vícios - e para, ao mesmo tempo, defender politicamente o soberano, então em conflito com o seu herdeiro, o infante Sancho, cujo partido D. Manuel apoiou. Atendendo à cronologia deste conflito, e ao facto de D. Manuel (na cantiga, ainda vivo) ter falecido em 1283, a composição datará dos anos 1277-1282. Um estudo recente de Fabio Barberini (2020)2 analisa mais detalhadamente estas datas e circunstâncias A composição foi editada por Lapa1 numa única estrofe (o que o leva a fazer a sugestão de que lhe faltaria uma segunda). Embora a sua disposição nos manuscritos não seja muito clara, estamos em crer que a edição em três estrofes e um finda, proposta por Panunzio3, será a mais provável.
Referências 1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d´Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia.
2 Barberini, Fabio (2020), "Pero da Ponte e l’Infante D. Manuel (B1655/V1189)", in Cultura Neolatina, LXXX, 1-2 , Modena, STEM Mucchi Editore Srl. Aceder à página Web
3 Panunzio, Saverio (1967), Pero da Ponte. Poesías, Bari, Adriatica Editrici.
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