Pero da Ponte


 Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
 e oimais sodes guarido:
       vossa molher há bom drudo,
 baroncinho mui velido.
5       Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
       vossa molher há bom drudo.
  
Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
e cresca-vos end'o gabo:
       vossa molher há bom drudo,
10que fode já em seu cabo.
       Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
       vossa molher há bom drudo.
  
Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
 esto seja mui festinho:
15       vossa molher há bom drudo,
e já nom sodes maninho.
       Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
       vossa molher há bom drudo.
  
Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
20e gram dereito faredes:
       vossa molher há bom drudo,
que herda em quant'havedes.
       Dade-m'alvíssara, Pedr'Agudo,
       vossa molher há bom drudo.



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Nota geral:

Maliciosa cantiga dirigida a este Pedro Agudo (que será o jogral referido numa cantiga de Gonçalo Eanes do Vinhal), cujo entendimento exige que se tenha em conta o sentido do provençalismo drudo, que designava o último grau da escala amorosa, o de amante (mas cujo sentido literal seria também "um querido", um pouco como o atual baby inglês). A ironia da cantiga reside no facto de ela tomar a forma das tradicionais felicitações pelo nascimento de uma criança. Porque a sua mulher tem um drudo, Pedro Agudo já teria assim a sua descendência assegurada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1639, V 1173

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1639

Cancioneiro da Vaticana - V 1173


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas