Pero da Ponte


Sueir'Eanes, este trobador,
 foi por jantar a cas d'um infançom
e jantou mal; mais el vingou-s'entom,
que ar hajam os outros del pavor,
5e nom quis el a vendita tardar:
e, tanto que se partiu do jantar,
trobou-lhi mal, nunca vistes peior.
  
E no mundo nom sei eu trobador
de que s'home mais devesse temer
10de x'el mui maas três cobras fazer,
ou quatro, a quem lhi maa barva for;
 ca, des que vo-lh'el cae na razom,
maas três cobras, ou quatr'e o som,
de as fazer muit'é el sabedor.
  
15E por esto nom sei no mundo tal
home que a el devess'a dizer
de nom, por lhi dar mui bem seu haver;
e a Sueir'Eanes nunca lhi fal
  razom de quem el despagado vai,
20em que lhi troba tam mal e tam lai,
per que o outro sempre lhi quer mal.



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Nota geral:

Divertida sátira que mata dois coelhos de uma cajadada: um infanção pelintra e o trovador Sueiro Eanes (de quem não nos chegou nenhuma cantiga, mas que foi um repetido alvo da troça trovadoresca). Segundo Pero da Ponte, como vingança pelo jantar que o infanção lhe teria dado, Sueiro Eanes teria composto umas trovas satíricas, o que é sempre de temer (sobretudo dada a qualidade delas).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: imperf. (v. 1 em I e II):
trobador
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1636, V 1170

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1636

Cancioneiro da Vaticana - V 1170


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas