Antroponímia referida na cantiga:
  (linha 1)

Pero da Ponte


 Garcia López d'Elfaro,      ←
direi-vos que m'agravece:      ←
que vosso dom é mui caro      ←
e vosso dom é rafece.      ←
5       O vosso dom é mui caro pera quen'o há d'haver,      ←
       o vosso dom é rafec[e] a quen'o há de vender.      ←
  
Por caros teemos panos      ←
que home pedir nom ousa;      ←
e, poilos tragem dous anos      ←
10rafeces som, por tal cousa.      ←
       O vosso dom é mui caro pera quen'o há d'haver,      ←
       o vosso dom é rafec[e] a quen'o há de vender.      ←
  
Esto nunca eu cuidara:      ←
que ũa cousa senlheira      ←
15podesse seer [tam] cara      ←
e rafec'em tal maneira.      ←
       O vosso dom é mui caro pera quen'o há d'haver,      ←
       o vosso dom é rafec[e] a quen'o há de vender.      ←



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Nota geral:

Sátira a um nobre tacanho, que só distribuiria roupas aos seus servidores depois de muito as usar: assim elas seriam caras de conseguir e baratas quando os que as recebias as queriam vender. É, pois, no jogo antonómico caro/rafece (barato, mas também reles, ordinário) que assenta esta composição.
Vicenç Beltran1 crê que a cantiga terá um fundo político concreto - os conflitos entre Navarra e Castela - dado ter identificado o satirizado como o Garcia López de Alfaro, clérigo ao serviço dos reis de Navarra, e que serviu de seu embaixador junto de Fernando III, e, posteriormente, junto de Afonso X. Seria no contexto desta última embaixada, quando o rei castelhano ameaçava militarmente o reino de Navarra (1254/1255), que Pero da Ponte teria composto a sua cantiga. Nesta medida, o dom de que fala o texto poderia, na verdade, aludir equivocamente a uma qualquer proposta concreta da rainha Margarida, regente de Navarra, que o rei castelhano consideraria inaceitável.
Acrescente-se que, formalmente, a composição é muito semelhante a uma outra de Pero da Ponte, o que leva ainda Beltran a sugerir que elas teriam sido compostas em momentos próximos e, eventualmente, a partir de uma mesma melodia.

Referências

1 Beltran, Vicenç (2005), La corte de Babel. Lenguas, poética y política en la España del siglo XIII, Madrid, Bredos, pp. 153-157.
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Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1635, V 1169

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1635

Cancioneiro da Vaticana - V 1169


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas