Pero da Ponte


Marinha Crespa, sabedes filhar
eno paaço sempr'um tal logar,
em que ham todos mui bem a pensar
de vós; e por en diz o verv'antigo:
5       "a boi velho nom lhi busques abrigo."
  
E no inverno sabedes prender
logar cabo do fogo, ao comer,
ca nom sabedes que x'há de seer
de vós; e por en diz o verv'antigo:
10       "a boi velho nom lhi busques abrigo."
  
E no abril, quando gram vento faz,
o abrigo éste vosso solaz,
u fazedes come boi, quando jaz
eno bom prad'; e diz o verv'antigo:
15       "a boi velho nom lhi busques abrigo."



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Nota geral:

Retrato de outra soldadeira, Marinha Crespa, a quem a velhice não perdoa. O refrão da cantiga é um curioso provérbio de raízes rurais (hoje perdido, mas cujo sentido se entende perfeitamente).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 4 de cada estrofe)
e (por en) diz o verv'antigo
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Fontes manuscritas

B 1628, V 1162

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1628

Cancioneiro da Vaticana - V 1162


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas