Rodrigo Anes Redondo ou Fernão Rodrigues Redondo


Suer'Fernándiz, si veja plazer,
veste-se bem, a todo seu poder;
e outra cousa lhe vejo fazer,
que fazem outros poucos no reinado:
5sempr'em Verãao lhe vejo trager
e no Inverno sapato dourado.
  
El se veste e se calça mui bem;
en'esto mete el o mais do que tem,
  pero nunca lhe vejo menguar rem;
 10e come se todo houvesse endoado,
u outros nom tragem, a el convém
que traga sempre sapato dourado.
  
El se veste sempre bem como quer,
e des i custe o que custar puder,
15e nom creades quem vos al disser;
e desto mi faço maravilhado:
ca em Inverno e per qual tempo quer,
sempre lhe vejo sapato dourado.



 ----- Aumentar letra

Nota geral:

Excelente retrato de um elegante pelintra, que não olha a gastos no que toca a vestuário, com a divertida insistência no pormenor dos sapatos dourados em todas as estações. A cantiga parece pressupor, ironicamente, que não teria outros, mas o sentido real implícito é sobretudo o do exibicionismo da personagem.
Se este Sueiro Fernandes é o cavaleiro que participou ao lado do Conde de Bolonha, futuro Afonso III, na lide de Santarém (como discutimos na nota antropinímica), a cantiga poderá ter uma dimensão de zombaria política, já que tudo indica que, na altura da guerra civil portuguesa, os Redondo permaneceram fiéis ao partido contrário do malogrado rei D. Sancho II.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 6 de cada estrofe)
sapato dourado
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1613, V 1146
(C 1613)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1613

Cancioneiro da Vaticana - V 1146


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas