Nota geral: Curiosa cantiga que é, ao mesmo tempo, a única referência à lepra que encontramos nos cancioneiros. A rubrica que a acompanha explica em termos gerais o contexto: trata-se de um cavaleiro alegadamente leproso (gafo) que era perseguido por um outro, que lhe preparava uma cilada, por ocasião de uma romaria que ele costumava fazer. É o lugar da cilada que constitui a alusão à lepra. De facto tanto podemos entender a expressão final do refrão (pela gafaria) como a indicação de um lugar (perto da gafaria), como do motivo da cilada (por causa da gafaria). Das personagens referidas na cantiga, uma delas, a do perseguidor Fernão Dade, é de fácil identificação, já que se trata do filho de Martim Dade, um conhecido alcaide de Santarém. Menos simples é a identificação do alegado leproso, Rui Pais, e do Estevão Eanes referido no início da cantiga, aparentemente apenas como mensageiro. Damos, no entanto, nas notas algumas sugestões. De resto, datando o testamento de Fernão Dade de 1295, como nos informa Resende de Oliveira1, e estando o trovador atestado em Santarém no ano anterior, a cantiga deverá ter sido composta por esta data.
Referências 1 Oliveira, António Resende (1993), "Estevan Fernandiz Barreto", in Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa, Lanciani, Giulia e Tavani, Giuseppe (org.) , Lisboa, Editorial Caminho.
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