Afonso Anes do Cotom


Covilheira velha, se vos fezesse
grande [e]scárnio, dereito faria,
ca me buscades vós mal cada dia;
e direi-vos em que vo-l'entendi:
5ca nunca velha fududancua vi
que me nom buscasse mal, se podesse.
  
E nom est ũa velha nem som duas
mas som vel cent'as que m'andam buscando
mal quanto podem e m'andam miscrando;
10e por esto rog'eu de coraçom
a Deus que nunca meta se mal nom
antre mim e velhas fududancuas.
  
E pero lança de morte me feira,
covilheira velha, se vós fazedes
15nẽum torto se me gram mal queredes;
ca Deus me tolha o corp'e quant'hei
se eu velha fududancua sei
hoje no mundo a que gram mal nom queira.
  
E se me gram mal queredes, covilheira
20velha, dig'eu que fazedes razom,
ca vos quer'eu gram mal de coraçom,
covilheira velha; e sabed'or'[al]:
des que fui nado, quig'eu sempre mal
a velha fududancua peideira.



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Nota geral:

Violento ataque a uma velha camareira com a qual Cotom teria um contencioso, certamente relacionado com o serviço da sua senhora, que ela deveria contrariar. Aproveitando a ira, Cotom amaldiçoa todas as velhas em geral, numa cantiga onde abundam as expressões injuriosas.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Mestria
Cobras singulares
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Fontes manuscritas

B 1587, V 1119

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1587

Cancioneiro da Vaticana - V 1119


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas