D. Dinis


Deus! Com'ora perdeu Joam Simiom
três bestas - nom vi de maior cajom,
 nem perdudas nunca tam sem razom:
ca, teendo-as sãas e vivas
5e bem sangradas com [boa] sazom,
morrerom-lhi toda[s] com olivas.
  
Des aquel[e] dia em que naci
nunca bestas assi perdudas vi,
 ca as fez ant'el sangrar ante si;
10e ante que saíssem daquel mês,
per com'eu a Joam Simiom ,
com olivas morrerom todas três.
  
Ben'as cuidara de morte guardar
todas três, quando as fez[o] sangrar;
 15mais havia-lhas o Dem'a levar,
pois se par [a]tal cajom perderom;
e Joam Simiom quer-s'ora matar
porque lhi com olivas morrerom.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Zombaria de D. Dinis ao seu privado D. João Simeão, o qual, tendo mandado sangrar as suas bestas, ao que parece indevidamente, se queixava amargamente de elas terem morrido com moléstia. Ou nós não percebemos totalmente a cantiga, ou o ridículo estará no facto de não ser hábito sangrar os animais (as olivas referidas, caroços no pescoço dos animais, são uma das doenças referidas por Mestre Giraldo no seu Tratado de Alveitaria1). A não ser que o rei faça um jogo com o sentido comum de olivas (azeitonas) e a cantiga aluda a qualquer episódio particular passado num olival.

Referências

1 Vasconcelos, Carolina Michaëlis de (1910), "Mestre Giraldo e os seus tratados de Alveitaria e Cetraria", in Revista Lusitana, XIII .
      Aceder à página Web




Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1542

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1542


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas