Nuno Rodrigues de Candarei


Bem devíades, mia senhor,
de mim cousimento prender;
e pois vo-lo Deus faz haver,
e quantas outras cousas som,
5em que teedes por razom
de me leixar morrer d'amor
e me nom queredes valer?
  
E d'al estou de vós peior:
que mi nom queredes creer;
10e veedes meu sem perder
por vós; e há mui gram sazom,
mia senhor fremosa, que nom
 houve de mim nem d'al sabor,
quando vos nom pudi veer.
  
15E pois me vos Deus quis mostrar
aqui, direi-vos ũa rem:
se mi vós nom fazedes bem,
por quanto mal por vós levei,
já eu viver nom poderei;
20que me querrá cedo matar
a coita que mi por vós vem.
  
Mais venho-vos por Deus rogar
que vos prenda doo por en
de mi, que faç'este mal sem,
25onde me nunca partirei.
Pero d'al vos preguntarei:
como podedes desamar
quem s'assi por voss'home tem?



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Nota geral:

O trovador começa por dizer à sua senhora (estando na sua presença, como compreendemos nos vv. 15/16) que ela, a quem Deus deu tanta sensatez, deveria ser mais sensata em relação a ele, não o deixando morrer. E outra queixa ainda lhe faz: a de não acreditar nele, mesmo vendo-o ficar louco e há muito sem gosto por nada quando não a pode ver. Porque, se ela não o favorecer, em breve morrerá. Pede-lhe, enfim, que tenha dó dele, pois nunca desistirá da insensatez de a amar. De resto, se ele se declara seu homem (seu vassalo) que motivo tem ela para lhe querer mal?



Nota geral


Descrição

Cantiga de Amor
Mestria
Cobras doblas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 180

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 180


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas