D. Dinis


Tant'é Meliom pecador
e tant'é fazedor de mal
e tant'é um hom'infernal,
que eu sõo bem sabedor,
5quanto o mais posso seer,
que nunca poderá veer
a face de Nostro Senhor.
  
Tantos som os pecados seus
 e tam muit'é de mal talam,
10que eu sõo certo, de pram,
quant'aquest'é, amigos meus:
que por quanto mal em el há,
que jamais nunca veerá
em nẽum temp'a face de Deus.
  
15El fez sempre mal e cuidou
e jamais nunca fez o bem;
[e] eu sõo certo por en
del, que sempr'em mal andou,
que nunca já, pois assi é,
20pode veer, per bõa fé,
a face do que nos comprou.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

A mesma personagem da cantiga anterior, de quem agora se diz que os seus pecados e o seu mau caráter acabariam por impossibilitar-lhe "ver a face de Deus". Mais uma vez, a aparente e pouco usual simplicidade da cantiga torna plausível que D. Dinis a construa com base num equívoco relativo a um qualquer defeito de visão, como a repetição do verbo "ver", parece indicar.



Nota geral


Descrição

Escárnio e Maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1534
(C 1534)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1534


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas