Gil Peres Conde


Quer-mi a mi ũa dona mal
como se lhi quisess'eu bem,
por que houvesse por mi mal
ou eu por ela algum bem;
5pois lh'eu nom quero mal nem bem,
por que mi há ela querer mal?
  
Colheu comigo desamor
como se lh'houvess'amor eu,
por que houvesse desamor
10d'alguém por mi ou amor eu;
Non'a desamo nem am'eu;
ela por que mi há desamor?



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Nota geral:

Esta cantiga pertence a um tipo que poderemos designar como escárnio de amor, ou seja, é uma paródia ao universo do amor cortês, a partir de alguns dos seus clichés. Neste caso, a tradicional má-vontade da senhora em relação ao trovador não passa de um equívoco, uma vez que ela lhe é totalmente indiferente. A cantiga tem uma estrutura requintada, com um duplo dobre nas suas duas estrofes.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Dobre: (vv. 1, 3, 6 de cada estrofe)
mal (I), desamor (II);
(vv. 2, 4, 5 de cada estrofe)
bem (I), amor/amo eu (II)
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Fontes manuscritas

B 1529

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1529


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas