Gil Peres Conde


Nom é Amor em cas d'e[l]-rei
 ca o nom pod'hom'i achar
àa cea nem ao jantar;
a estas horas o busquei
5nas pousadas dos privados,
preguntei a seus prelados
por Amor, e non'o achei.
  
Têm que o nom sab'el-rei
que Amor aqui nom chegou,
 10que tant'ogano del levou
e nom veo; ben'o busquei
nas tendas dos infanções
e nas dos de criações,
e dizem-[me] todos: - Nom sei.
  
15Perdud'é Amor com el-rei,
porque nunca em hoste vem;
pero xe del[e] algo tem,
direi-vos eu u o busquei:
 antr'estes freires tempreiros,
20ca já os hespitaleiros
por Amor nom preguntarei.



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Nota geral:

O repetido lamento de Gil Peres Conde face à sua má estrela em Castela toma agora o tom do sirventês moral, para denunciar o ambiente em cas d´el-rei, onde o Amor (no sentido medieval de solidariedade e entreajuda) seria desconhecido. Note-se que o trovador parece abrir uma exceção final para a ordem dos Templários. Nestas circunstâncias, não é impossível que a cantiga tenha sido composta nos anos finais do reinado de Afonso X, e no contexto do conflito entre o monarca e o seu herdeiro e sucessor, o infante D. Sancho, já que tudo leva a crer que Ordem do Templo foi a única cuja fidelidade à causa do Rei Sábio nunca sofreu qualquer quebra (ao contrário das restantes Ordens militares, que, ou se colocaram decididamente ao lado do infante, ou tiveram um comportamente flutuante, como foi exatamente o caso dos Hospitalários, igualmente referidos)1.

Referências

1 González Jiménez, Manuel (1999), Alfonso X, Burgos, Editorial La Olmeda, 2ª Ed., pp. 305-307.



Nota geral


Descrição

Sirventês moral
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
Palavra(s)-rima: (vv. 1 e 4 de cada estrofe)
el-rei, o busquei
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1525

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1525


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas