Gil Peres Conde


Mentr'esta guerra foi, assi
 m'aveo que sempre guari
per pé de cavalo; mais ôi-
mais nom sei que seja de mi
5       senom guarir per pé de boi.
  
Quantos perigos i passei
per pé de caval', e 'scapei,
que nom prix i cajom; mais ôi-
mais nom sei eu que mi farei
10       senom guarir per pé de boi.
  
Por valer mais e por haver,
 conselh'houvi de guarecer
per pé de cavalo; mais ôi-
mais nom sei a que mi afazer
15       senom guarir per pé de boi.
  
Lavrar, lazerar, e viver
- ôimais guarir per pé de boi!



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Nota geral:

Continuam as queixas de Gil Peres Conde à sua má sorte em Castela, enriquecidas agora com duas curiosas expressões populares: esquecido pelo rei, o cavaleiro, que antes prosperava "por pé de cavalo" (isto é, a cavalo, pelas armas, mas também rapidamente), deverá contentar-se agora com "pé de boi" - alusão ao ofício menos digno de lavrador, mas também ao passo lento com que via evoluir a sua vida.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
Palavra(s)-rima: (v. 3-4 de cada estrofe)
mais ôi/mais
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1523

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1523


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas