Gil Peres Conde


Mia senhor, já eu morrerei
em vosso serviç', e por en
mi nom é com mia morte bem:
porque vos nom ficou de mi
5filho, por quanto vos servi,
que mi criássedes por en.
  
Sempr'eu mia mort'adevinhei:
que havia a morrer por vós
- e a morrer havemos nós;
10mais por que nom fiz - e m'end'é mal -
um filho vosso natural
que achasse conselh'em vós?
  
Filh'a que leixass'o que hei
quisera-m'eu, senhor, fazer,
15que fosse voss', e defender-
lo-íades por meu amor;
ca, pois eu por vós morto for,
que bem mi podedes fazer?



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Nota geral:

Original paródia às cantigas de amor, desviando a norma abstrata do amor cortês para um plano bem mais realista: o que o trovador lamenta aqui é que do seu serviço à dama não tenha resultado um filho, que pudesse ser o seu herdeiro. A cantiga tem uma construção formal requintada, com dobre (no 2º e último verso de cada estrofe) e palavra perduda (o 1º verso de cada estrofe).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
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Fontes manuscritas

B 1519

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1519


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas