Vasco Peres Pardal


Dom Ansur, per qual serviço fazedes
a 'l-rei, per com'eu ouço razoar,
nunca foi home de vosso logar
 que mais poiasse ca vós poiaredes;
 5ca, pois el-rei o dereito catar,
sei que vós nom pode[re]des errar
que a muit'alto logar nom poiedes.
  
Quiçai depois vós ar baixar-vos-edes,
ca vimos melhores ca vós baixar;
10mais ũa vez quer-vos el-rei alçar
em gram talho, poilo servid'havedes;
mais quant'houverdes punhad'eno dar,
e se desto nom quiserdes minguar
- pois vos alçarem, alçado seredes.
  
15E, Dom Ansur, pola fé que devedes,
pois vos el-rei assi quer encimar,
como dizem, se per vós nom ficar,
per vós nom fiqu', e assi poiaredes
a mui gram talh', u havedes d'estar;
 20e se vós ali unha[r]des poiar,
nunca depois mal andante seredes.



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Nota geral:

Este D. Ansur satirizado nesta cantiga e na que se segue no manuscrito, será provavelmente o mesmo D. Ansur Moniz a quem o próprio Afonso X dedica também um outro cantar satírico. Vasco Perez Pardal parece aqui prever a sua rápida ascensão, em riquezas e estatuto, dado os serviços prestados ao rei. Na verdade, o trovador, partindo de um equívoco com os termos poiar (subir, prosperar) e alçar, sugere que a sua próxima "ascensão" poderá ser, sobretudo, à forca.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras uníssonas
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1507

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1507


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas