João Garcia de Guilhade


Dona Ouroana, pois já besta havedes,
outro conselh'ar havedes mester:
vós sodes mui fraquelinha molher
e já mais cavalgar nom podedes;
5mais, cada que quiserdes cavalgar,
mandade sempr[e] a besta chegar
a um car[v]alho, de que cavalguedes.
  
E cada que vós andardes senlheira,
se vo'la besta mal enselada andar,
10guardade-a de xi vos derramar,
ca, pela besta, sodes soldadeira,
e, par Deus, grave vos foi d'haver;
e punhade sempr'en'[a] guarecer,
ca em talho sodes de peideira.
  
15E nom moredes muito [e]na rua,
este conselho filhade de mim,
ca perderedes log'i o rocim
e nom faredes i vossa prol nẽũa;
e mentr'houverdes a besta, de pram,
20cada u fordes, todos vos farám
honra doutra puta fududancua.
  
E se ficardes em besta muar,
eu vos conselho sempr[e] a ficar
ant'em muacho novo ca em mua.



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Nota geral:

Conselhos à soldadeira Ouroana, no seu novo estatuto de proprietária de um cavalo. Os conselhos roçam obviamente o obsceno, em todas as suas modalidades (a partir do duplo sentido do termo besta).



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1499, V 1109

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1499

Cancioneiro da Vaticana - V 1109


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas