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  (linha 30)

João Garcia de Guilhade, Lourenço


- Muito te vejo, Lourenço, queixar      ←
pola cevada e polo bever,      ←
que to nom mando dar a teu prazer;      ←
mais eu to quero fazer melhorar:      ←
 5pois que t'agora citolar       ←
e cantar, mando que to dem assi      ←
bem como o tu sabes merecer.      ←
  
- Joam Garcia, se vos en pesar      ←
de que me queix[e] em vosso poder,      ←
10o melhor que podedes i fazer:      ←
nom mi mandedes a cevada dar      ←
mal, nen'o vinho, que mi nom dam i      ←
tam bem com[o m']eu sempre mereci,      ←
 ca vos seria grave de fazer.      ←
  
15- Lourenço, a mim grave nom será      ←
de te pagar tanto que mi quiser:      ←
pois ante mi fezisti teu mester,      ←
mui bem entendo e bem vejo já      ←
como te pagu'; e logo o mandarei      ←
20pagar a [um] gram vilão que hei,      ←
se um bom pao na mão tever.      ←
  
- Joam Garcia, tal paga achará      ←
em vós o jograr, quand'a vós veer,      ←
mais outr'a quem [meu] mester fezer,      ←
25que m'en entenda, mui bem [mi] fará,      ←
que panos ou algo merecerei;      ←
e vossa paga ben'a leixarei      ←
e pagad'[a] outro jograr qualquer.      ←
  
- Pois, Lourenço, cala-t'e calar-m'-ei      ←
 30e todavia tigo mi averrei,      ←
e do meu filha quanto chi m'eu der.      ←
  
- Joam Garcia, nom vos filharei      ←
algo, e mui bem vos citolarei,      ←
e conhosco mui bem [o] trobar.      ←
  
 35- O chufar, Dom Lourenço, [o] chufar!      ←



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Nota geral:

Retomando a tenção anterior, continua a discussão entre Guilhade e Lourenço, agora centrada na questão dos pagamentos devidos ao jogral. Lourenço acha pouco o que recebe, Guilhade acha demais para os seus méritos e mais uma vez ameaça chegar a vias de facto.
A tenção não obedece às normas regulamentares no que respeita às findas (o mesmo número para cada interveniente), uma vez que Guilhade finaliza com uma finda suplementar. Como lembra Lapa1, tal facto poderá ser, não um erro, mas um efeito teatral previamente ensaiado, de comentário e chamada de atenção para o erro de rima que Lourenço faz na sua última finda (que deveria terminar com rima em er, como a anterior de Guilhade, e não em ar).

Referências

1 Lapa, Manuel Rodrigues (1970), Cantigas d´Escarnho e de Maldizer dos Cancioneiros Medievais Galego-Portugueses, 2ª Edição, Vigo, Editorial Galaxia.



Nota geral


Descrição

Tenção
Mestria
Cobras doblas
Finda (3)
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1494, V 1105
(C 1494)

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1494

Cancioneiro da Vaticana - V 1105


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas