Cantiga referida em nota


João Garcia de Guilhade


Elvira López, que mal vos sabedes
vós guardar sempre daqueste peom
  que pousa vosc[o], e há coraçom
 de tousar vosc', e vós nom lh'entendedes;
5hei mui gram medo de xi vos colher
algur senlheira; e se vos foder,
o engano nunca lho provaredes.
  
 O peom sabe sempr'u vós jazedes,
e nom vos sabedes dele guardar:
10siquer poedes [em] cada logar
vossa maeta e quanto tragedes;
e dized'ora, se Deus vos perdom:
se de noite vos foder o peom,
contra qual parte o demandaredes?
  
15Direi-vos ora como ficaredes
deste peom, que tragedes assi
vosco, pousando aqui e ali:
 e vós já quanto que ar dormiredes,
e o peom, se coraçom houver
20de foder, foder-vos-á, se quiser,
e nunca del[e] o vosso haveredes.
  
Ca vós diredes: - Fodeu-m'o peom!
E el dirá: - Bõa dona, eu nom!
E u las provas que lhi [vós] daredes?



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Nota geral:

Judiciosos conselhos à soldadeira Elvira Lopes, que não pára quieta e não toma cuidado com as companhias - ela arrisca-se assim a ser assaltada pelo peão que a acompanha. A cantiga joga com os dois sentidos da palavra foder (que são ainda os atuais): fornicar e lixar. É, aliás, a partir deste último sentido que a cantiga funciona em primeira leitura: o peão anda a ver se a "lixa". A cantiga que se segue nos manuscritos desenvolve o mesmo tema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares (rima a uníssona)
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1487, V 1099

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1487

Cancioneiro da Vaticana - V 1099


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas