João Airas de Santiago


Ai Justiça, mal fazedes, que nom
queredes ora dereito filhar
de Mor da Cana, porque foi matar
 Joan'Airas, ca fez mui sem razom;
5mais se dereito queredes fazer,
ela el devedes a meter,
ca o manda o Livro de Leon.
  
Ca lhi queria gram bem, e des i
nunca lhi chamava senom senhor;
10e quando lh'el queria mui milhor,
foi-o ela logo matar ali;
mais, Justiça, pois tam gram torto fez,
metede-a já sô el ũa vez,
ca o manda o dereito assi.
  
15E quando mais Joan'Airas cuidou
que houvesse de Mor da Cana bem,
foi-o ela logo matar por en,
tanto que el em seu poder entrou;
mais, Justiça, pois que assi é já,
20metam-na sô el, e padecerá
a que o a mui gram torto matou.
  
E quen'os ambos vir jazer, dirá:
- Beeito seja aquel que o julgou!



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Maliciosa cantiga na qual João Airas brinca com uma das penas de um antigo livro de Leis, a de enterrar o assassino por baixo da sua vítima. Como Mor de Cana o mata de amores, é essa a pena (com a respetiva posição) que ele exige que lhe seja aplicada.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1466, V 1076

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1466

Cancioneiro da Vaticana - V 1076


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas