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João Airas de Santiago


Pero Garcia me disse      ←
que mia senhor com el visse;      ←
e dixe-lh'eu, que nom oísse:      ←
       - Ai Pero Garcia,      ←
5       gram med'hei de Dona Maria,      ←
       que nos mataria!      ←
  
Disse-m'el: - Aventuremos      ←
os corpos e alá entremos.      ←
Dixe-lh'eu: - Nõn'o faremos.      ←
10       Ai Pero Garcia,      ←
       gram med'hei de Dona Maria,      ←
       que nos mataria!      ←
  
Disse-m'el: - Entremos, ante      ←
que Dona Maria jante.      ←
15Dix'eu: - Ide vós deante.      ←
       Ai Pero Garcia,      ←
       gram med'hei de Dona Maria,      ←
       que nos mataria!      ←
  
Mal conhoscedes Dona Maria,      ←
20       ai Pero Garcia!      ←



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Nota geral:

Numa evidente paródia a um dos clichés do amor cortês, o medo da senhora, esta cantiga põe em cena dois amigos, o próprio trovador e Pero Garcia, em vias de se decidirem a entrarem ou não na sala onde se encontra a amada do primeiro, D. Maria. O resultado é um pequeno sketch teatral cheio de graça, com um Pero Garcia pretensamente afoito e o apaixonado João Airas em pânico.
É difícil saber quem seria esta D. Maria. José Luis Rodríguez1 aventa a hipótese de poder tratar-se da soldadeira Maria Balteira (e o Pero Garcia, o segrel Pedro Garcia Burgalês), o que conferiria a esta paródia um humor duplo (a hipótese de Pero Garcia poder ser Pero Garcia de Ambroa, com reconhecidas ligações à soldadeira, torna-se, por razões cronológicas, um tanto difícil).

Referências

1 Rodríguez, José Luís (1980), "El cancioneiro de Joan Airas de Santiago. Edition y estudio", Verba, Anexo 12, Vigo.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1461, V 1071

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1461

Cancioneiro da Vaticana - V 1071


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas