João Baveca


Pero d'Ambroa, sodes maiordomo
e trabalhar-s'-á de vos enganar
o albergueiro; mais d'escarmentar-
-lo havedes. E direi-vos eu como:
5se vos mentir do que vosco poser,
seja de vós e de nós, como quer,
  é brita[r]-lh'os narizes no momo.
  
E de nosso ................
[...]
  
10E ..........................
[...]
  
E pois mercade lo al: logo cedo
vos amonstr'a roupa que vos dará;
e se pois virdes que vo-la nom dá,
15ide sarrar la porta, vosso quedo,
e desses vossos narizes log'i
fiqu'o seu cuu quebrantad', assi
que já sempr'haja d'espanhoes medo.



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Nota geral:

Mais uma cantiga que nos chegou muito incompleta, já que a segunda e terceira estrofes são totalmente ilegíveis nos manuscritos. Não se torna evidente, pois, o sentido desta nova sátira contra Pero d´Ambroa. De qualquer forma parece que João Baveca, prevendo dificuldades a Pero d´Ambroa com um albergueiro, no desempenho das suas funções de mordomo (provavelmente de algum grande senhor), aconselha-o a aplicar o nariz (que deveria ser grande) no traseiro do dito estalajadeiro. Há, obviamente, um jogo com alusões homossexuais, mas também com a figura do espanhol gabarola, curioso retrato de Pero d´Ambroa que João Baveca nos traça no final da sua composição.
Acrescente-se que, sendo Pero d´Ambroa, ao que tudo indica, galego, é possível que o termo "espanhóis", utilizado neste final da cantiga, tenha aqui o sentido generalizante de "habitantes da Hispânia", podendo a sua utilização indicar, pois, que a composição teria sido composta no decorrer de alguma viagem ao exterior da Península.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

B 1457, V 1067

Cancioneiro da Biblioteca Nacional - B 1457

Cancioneiro da Vaticana - V 1067


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas