Pedro, conde de Barcelos

Rubrica:

  

Esta cantiga foi feita a Miguel Vivas, que foi enleito de Viseu, e a Gómiz Lourenço de Beja.


Os privados, que d'el-rei ham,
por mal de muitos, gram poder,
seu saber é juntar haver;
e non'o comem nen'o dam,
5mais posfaçam de quem o dá;
e de quanto no reino há,
se compre tod'a seu talam.
  
Os que trabalham de servir
el-rei, por tirar galardom,
 10se do seu band'ou seus [nom] som,
 logo punham de lho partir.
O que d'el-rei quiser tirar
bem sem servir, se lhis peitar,
havê-lo-á, u lho pedir.
  
15Se[u] sem ou seu saber é tal
qual vos cá já 'gora contei;
e fazem al, que vos direi,
 que é mui peior que o al:
u s'el-rei mov'a fazer bem,
20com'é razom, pesa-lhes en
e razoam o bem por mal.
  
E u compre conselh'ou sem
a seu senhor, nom sabem rem
se nom em todo desigual.



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Nota geral:

Claro ataque de D. Pedro aos privados do seu meio irmão D. Afonso IV, cujos nomes a rubrica que acompanha a cantiga especifica. No que diz respeito ao bispo de Viseu, D. Miguel Vivas, ele não parece ter tido, de facto, os favores desta última geração de trovadores, tendo chegado até nós três outras cantigas contra ele (duas muito diretas, outra mais indireta). Quanto a Gomes Lourenço de Beja, que foi um dos mais próximos conselheiros de Afonso IV (e desde os seus tempos de Infante, em luta com seu pai D. Dinis), a Crónica de 1344, que se supõe ser obra dos escritórios de D. Pedro, cita-o também com animosidade. A composição deve datar de 1328-1330.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Finda
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1038

Cancioneiro da Vaticana - V 1038


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas