Lourenço, João Vasques de Talaveira


- Joam Vaásquez, moiro por saber
de vós por que leixastes o trobar
ou se foi el vos primeiro leixar;
ca vedes o que ouço a todos dizer:
 5ca o trobar acordou-s'em atal:
que 'stava vosco em pecado mortal
e leixa-vos, por se nom perder.
  
- Lourenço, tu veens por aprender
de mim, e eu nom cho quero negar:
10eu trobo bem quando quero trobar,
pero nom o quero sempre fazer;
 mais di-me ti, que trobas desigual:
 se te deitam por en de Portugal,
 ou se matast'hom', ou roubast'haver.
  
15- Joam Vaásquez, nunca roubei rem,
nem matei homem, nem ar mereci
porque mi deitassem, mais vim aqui
 por gaar algo; e pois sei iguar-mi bem
 como o trobar vosso; mais estou
20que se perdia convosc'e quitou-
-se de vós; e nom trobades por en.
  
[...]



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Nota geral:

Mais uma vez o jogral Lourenço se dispõe ao confronto trovadoresco, numa tenção cujo adversário é, desta vez, João Vasques de Talaveira. Com algum humor, Lourenço inicia o seu ataque personificando mais uma vez o trovar, e alegando que ele teria abandonado o seu opositor, por ter chegado à conclusão que a relação que mantinham era pecaminosa. A resposta de João Vasques também é curiosa e fornece-nos, ao mesmo tempo, a indicação de que Lourenço seria efetivamente português.
A tenção estará incompleta, já que lhe falta, pelo menos, a segunda resposta de João Vasques (e, eventualmente, as duas habituais findas).



Nota geral


Descrição

Tenção
Mestria
Cobras doblas
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Fontes manuscritas

V 1035

Cancioneiro da Vaticana - V 1035


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas