Lourenço, Rodrigo Anes de Alvares


- Rodrig'Eanes, queria saber
de vós por que m'ides sempre travar
em meus cantares; ca sei bem trobar;
e a vós nunca vos vimos fazer
5cantar d'amor nem d'amigo; e por en,
se querede'lo que eu faço bem
danar, terrám-vos por sem conhocer.
  
- Lourenço, tu fazes i teu prazer
 em te quereres tam muito loar,
10ca nunca te vimos fazer cantar
 que ch'en querrá nen'o Demo dizer.
 Com'esso dizes, ar di ũa rem:
que és homem mui comprido de sem
e bom meestr'[e] que sabes leer.
  
15- Rodrig'Eanes, sempr'eu loarei
os cantares que mui bem feitos viir,
quaes eu faço; e quem os oír
pagar-s'-á deles; mais vos eu direi:
dos sarilhos sodes vós trobador,
20ca nom faredes um cantar d'amor
por nulha guisa qual eu [o] farei.
  
- Lourenç', enas terras u eu andei,
 nom vi vilam tam mal departir;
e vejo-te [em] trobares cousir
25e loar-te; mais ũa cousa sei:
de tod'homem que entendudo for,
nom haverá em teu cantar sabor,
  nem cho colherám em casa del-rei.
  
- Rodrig'Eanes, u meu cantar for,
30nom acharei rei nem emperador
que o nom colha - mui bem eu o sei.
  
- Lourenço, tenho que és chufador;
e vejo-t'ora mui gram loador
de pouco sem, [e] nom cho creerei.



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Nota geral:

Lourenço não sofreu apenas os ataques dos seus colegas. Aqui é ele quem toma a iniciativa da discussão com Rodrigo Eanes, na defesa da sua arte, que, evidentemente, o outro procura denegrir.



Nota geral


Descrição

Tenção
Mestria
Cobras doblas
Finda (2)
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Fontes manuscritas

V 1032
(C 1423)

Cancioneiro da Vaticana - V 1032


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas