João Servando


De quant[o] hoj'eno mundo querria
que m'aquel infançom dess', end'avém:
ca lhi pedi os panos que tragia
e disse-m'el o que teve por bem:
5ca os queria trager a seu sem,
e pois na cima, que mi os nom daria.
  
E pois lo vi nos panos perfiado,
entom puïnhei mais em lhos pedir;
e disse-m'el: - Muito foi en pagado;
10ide-vos alhur, e quando vos ar vir,
querrei os panos ante vós cobrir,
que sejades deles dessegurado.
  
E por en serei já sempre do seu lado,
per como m'ele os panos mandou:
15u me partia del, desconfortado,
foi-me chamar, e diss'u me chamou:
- Joam Servando, pero m'assi vou,
nom vos darei os panos a meu grado.



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Nota geral:

Sátira contra um infanção que apresenta algumas dificuldades de leitura no único manuscrito que no-la transmitiu (V), o que torna o seu sentido algo obscuro. Trata-se, ao que parece, de roupas que o jogral esperava receber do infanção, mas cuja entrega este iria protelando com mil desculpas, acabando por partir sem lhas dar. Mas o início da cantiga é, como referimos, de difícil reconstituição, o que torna esta leitura conjetural.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1031

Cancioneiro da Vaticana - V 1031


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas