João Servando


É sa sela muito dura
  e dana-s'a pregadura,
 mais nom a for de Castela.
        Ai novel, nom vos há prol
5       de tragerdes mais a sela!
  
Já [s'] a sela dana mal
e quebra o peitoral
per u se tem a fivela.
       Ai novel, nom vos há prol
10       de tragerdes mais a sela!
  
Já s'a sela vai usando,
e dixo Joam Servando,
que muito vosco revela:
       Ai novel, nom vos há prol
15       de tragerdes mais a sela!



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Nota geral:

Cantiga de ritmo muito vivo, mas um tanto obscura. Parece tratar-se de uma sátira a um cavaleiro novato (armado recentemente cavaleiro), a braços com uma sela muito usada. Se a expressão a for de Castela (v. 3) aludir ao Fuero Real, legislação promulgada por Afonso X, destinada a atualizar e unificar as antigas leis locais, e que foi um dos focos de tensão do monarca com os seus ricos-homens revoltosos (que exigiam a sua revogação) (O´Callaghan1), é bem possível que a sátira a este cavaleiro novato fosse politicamente orientada.
De resto, a sátira a selas desconjuntadas não é um tema desconhecido do cancioneiro satírico, já que é o motivo central do longo ciclo de cantigas que D. Lopo Lias dirigiu a uns cavaleiros de Lemos.
Acrescente-se ainda que, a complicar a brevidade epigramática da composição e incerteza quanto ao seu contexto, o manuscrito apresenta algumas dificuldades de leitura

Referências

1 O´Callaghan, Joseph F. (1996), El Rey Sabio. El reynado de Alfonso X de Castilla, Sevilla, Universidad de Sevilla, 2ª ed. 1999, p. 119.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1028
(C 1419)

Cancioneiro da Vaticana - V 1028


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas