João Soares Coelho


Joam Fernándiz, mentr'eu vosc'houver
aquest'amor que hoj'eu com vosc'hei,
nunca vos eu tal cousa negarei
qual hoj'eu ouço pela terra dizer:
5dizem que fode quanto mais foder
pod'o vosso mouro a vossa molher.
  
[E] pero que foss'este mouro meu
já me terria eu por desleal,
Joam Fernándiz, se vos negass'eu
10atal cousa qual dizem que vos faz:
ladinho como vós jazedes, jaz
com vossa molher, e m'end'é mal.
  
E direi-vos eu quant'en vimos nós:
vimos ao vosso mouro filhar
15a vossa molher e foi-a deitar
no vosso leit'; e mais vos en direi
quant'eu do mour[o] aprendi e sei:
fode-a como a fodedes vós.



 ----- Aumentar letra ----- Diminuir letra

Nota geral:

Como alguns outros trovadores, também João Soares Coelho se mete com este João Fernandes, personagem sobre a qual a rubrica de uma outra cantiga diz que semelhava mouro e jogavam-lh´ende (e brincavam com ele por isso). O malicioso equívoco que esta cantiga desenvolve em torno do sujeito que dorme com a mulher do dito João Fernandes parece confirmar isso mesmo. Não se tratará, pois, de um caso de adultério, já que o "mouro" com quem ela dormia seria o próprio marido.
A cantiga que se segue no ms. retoma a personagem e o tema.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Mestria
Cobras singulares
Mozdobre imperf.:
(v. 5 em I e II e v. 6 em III)
fode/foder, jazedes/jaz, fode-a/fodedes
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1012
(C 1403)

Cancioneiro da Vaticana - V 1012


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas