João Peres de Aboim, João Soares Coelho


- Joam Soárez, nom poss'eu estar
que vos nom diga o que vej'aqui:
vejo Lourenço com muitos travar,
pero non'o vejo travar em mi;
5e bem sei eu porque aquesto faz:
porque sab'el que quant'em trobar jaz
que mi o sei tod'e que x'é tod'em mi.
  
- Joam d'Avoim, oí-vos ora loar
vosso trobar e muito m'en rii;
10er dizede que sabedes bojar,
ca ben'o podedes dizer assi;
e que x'é vosso Toled'e Orgaz,
e todo quanto se no mundo faz
ca por vós x'éste - dized[e] assi.
  
15- Joam Soárez, nunca eu direi
senom aquelo que eu souber bem;
e do que se pelo mundo faz, sei
que se faz [i] por mi ou por alguém;
mais Toledo nem Orgaz nom poss'eu
20haver; mais em trobar, que mi Deus deu,
conhosco [bem] se troba mal alguém.
  
[...]



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Nota geral:

Nova tenção entre os dois primos trovadores, que se integra no ciclo à volta do jogral Lourenço, apesar de ele servir aqui apenas como pretexto: de facto, o que João d´Avoim constata é que o jogral não se coíbe de acusar toda a gente de desconhecimento dos preceitos da arte de provar, mas nunca o criticou a ele. A razão só pode estar no facto de Lourenço ter compreendido que ele, João d´Avoim, é perfeito na arte de trovar. A resposta de João Soares é um ataque a esta auto-gabarolice, ou cegueira a respeito de si mesmo. Lourenço não é mais citado no resto da tenção (pelo menos no texto que nos chegou, já que ela estará certamente incompleta).



Nota geral


Descrição

Tenção
Mestria
Cobras doblas
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Fontes manuscritas

V 1011

Cancioneiro da Vaticana - V 1011


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas