Antroponímia referida na cantiga:
  (linha 3)

Gonçalo Anes do Vinhal


Ũa dona foi de pram      ←
 demandar casas e pam      ←
da órdim de Sam Joam,      ←
        com mínguas que havia;      ←
5e digo-vos que lhas dam      ←
       quaes ela queria.      ←
  
Das casas houve sabor,      ←
e foi tal preitejador:      ←
que foss'ende jazedor,      ←
10       com mínguas que havia;      ←
e dam-lhas por seu amor,      ←
       quaes ela queria.      ←
  
Pediu-as a preito tal      ←
 d'i jazer [e] nom fez al,      ←
15ca xi lazerava mal,      ←
       com mínguas que havia;      ←
e dam-lhas do Hespital      ←
       quaes ela queria.      ←
  
A dona, de coraçom,      ←
20pediu as casas entom      ←
e mostrou esta razom:      ←
       com mínguas que havia;      ←
e dam-mi-lhas da missom      ←
       quaes ela queria.      ←



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Nota geral:

Sátira contra uma dona a quem a necessidade teria levado a ir pedir agasalho à ordem dos Hospitalários. A cantiga joga equivocamente com o caráter dessa necessidade (ou dessas mínguas, como diz o texto): nas entrelinhas percebe-se que o que lhe faltava seria antes de caráter sexual. De qualquer forma os cavaleiros de S. João do Hospital satisfizeram-na plenamente.
É possível que a cantiga, pelo ataque indireto que dirige aos Hospitalários, se insira ainda no contexto da guerra civil portuguesa (1245-47) e suas sequelas, uma vez que a mudança de campo político da Ordem (de apoio Afonso III e abandono de Sancho II) parece ser o contexto principal das variadas críticas que lhe são feitas pelos trovadores portugueses exilados em Castela.



Nota geral


Descrição

Cantiga de Escárnio e maldizer
Refrão
Cobras singulares
(Saber mais)


Fontes manuscritas

V 1003

Cancioneiro da Vaticana - V 1003


Versões musicais

Originais

Desconhecidas

Contrafactum

Desconhecidas

Composição/Recriação moderna

Desconhecidas